O projeto de pesquisa envolveu as seguintes instituições: Cesteh/Ensp/Fiocruz, Sinpospetro-RJ, Inca e IRD/RJ. Foi aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa da ENSP (Parecer CEP/ENSP 434.418 e CAAE 17438013.5.0000.5240).
O objetivo geral foi avaliar a exposição ocupacional ao benzeno em postos de combustíveis do Município do Rio de Janeiro através de uma abordagem multidisciplinar integrada para ações de vigilância em saúde do trabalhador e ambiental. O projeto avaliou os dados sociodemográficos dos trabalhadores; a razão das concentrações de benzeno/tolueno no ar atmosférico; os ácidos trans, trans-mucônico (ATTM) e S-fenilmercaptúrico (AFM); e o estresse oxidativo, por meio das enzimas catalase, glutationa S-transferase, superóxido dismutase, grupamentos tiol e malondialdeído. A genotoxicidade foi medida por metáfases com anormalidades cromossômicas e anormalidades nucleares, ensaio cometa utilizando a enzima formamidopirimidina DNA glicosilase (FPG) e metilação do elemento repetitivo LINE-1 e dos genes KLF6 e CDKN2B. Participaram do estudo oitenta e seis trabalhadores expostos cronicamente ao benzeno: 51 do Grupo I (frentistas) e 35 do Grupo II (vigilantes). Foi realizado um estudo transversal, cuja seleção dos postos de combustíveis ocorreu de forma aleatória, realizada juntamente com o Sindicato dos Empregados em Postos de Serviços de Combustíveis e Derivados de Petróleo do Estado do Rio de Janeiro (SINPOSPETRO-RJ). De novembro/2014 a junho/2015, 51 trabalhadores de postos de combustíveis responderam aos questionários, passaram por uma avaliação clínica e cederam amostras de sangue, urina e mucosa bucal. Ademais, os 35 seguranças de patrimônio (vigilantes), trabalhadores expostos a mesma fumaça de escapamento de veículos a qual os frentistas se expõem diariamente além da volatilização dos combustíveis, passaram também pelo mesmo protocolo de pesquisa que os trabalhadores de postos de combustíveis.
Um importante desdobramento deste projeto foi a sistematização de uma proposta de manejo clinico para atendimento de trabalhadores expostos ao benzeno, como aqueles de postos de gasolina. Foi apresentada uma nova proposta de classificação clínico-laboratorial, com referência na análise de hemograma e avaliação clínica, para orientar a conduta dos profissionais de saúde no atendimento destes trabalhadores.
Outro resultado dos esforços de grupos de pesquisa e do SINPOSPETRO/RJ em divulgar os riscos da exposição aos vapores de gasolina para sensibilização da sociedade foi o Projeto de Lei 2.822/2014 que resultou na aprovação da Lei Estadual nº 6.964, aprovada em 16 de Janeiro de 2015.
Além disso, com a finalidade de comunicar os riscos do benzeno a saúde humana e ambiental, e visando atender a demanda do SINPOSPETRO, foram produzidos materiais educativos como folders, cartilhas, livretos e cartazes e etc. Com o objetivo de sensibilizar os trabalhadores dos postos, como uma página web intitulada Rede de Vigilância da Exposição ao Benzeno, e com o objetivo de criar um espaço sócio discursivo, vislumbrando a comunicação em saúde como campo temático estratégico para a tomada de decisão, e espaço de ampla e consistente capacitação em rede para intervenção alicerçada no desenvolvimento integrado de tecnologias ágeis e efetivas de resultados de ações, estudos e pesquisas que orientam a prática em saúde.
A seguir, estão os principais produtos deste projeto:
1) Participação na aprovação da Lei Estadual nº 6.964, de 16 de Janeiro de 2015 e do Anexo 2 da Norma Regulamentadora 9 (NR 9) que trata de PRC;
2) Avaliação ambiental e de indicadores biológicos em trabalhadores de postos de gasolina da Zona Oeste da cidade do Rio de Janeiro expostos a BTEX;
3) Desenvolvimento de protocolo de manejo clinico proposto para atendimento de expostos a benzeno em ambulatórios como o do CESTEH e CERESTs;
4) Folder e cartilha educativos sobre os riscos do benzeno à saúde humana e ambiental;
5) IV Encontro Nacional de Vigilância em Saúde em Postos de Combustíveis;
6) Realização de vídeos informativos sobre o projeto e a relevância da redução da exposição aos vapores de gasolina;
7) Criação da Página Web da Rede de Vigilância da Exposição ao Benzeno;
8) Campanha Estadual de Segurança e Saúde do Projeto Postos de Combustíveis organizada pelo SINPOSPETRO-RJ, CESTEH/ENSP/Fiocruz e Secretaria Municipal de Saúde de Porto Alegre/RS;
9) Curso de 40h “Exposição ao benzeno na cadeia produtiva de combustíveis e impactos na saúde e ambiente” ocorrido no CESTEH em 2014 com a participação de Martyn Smith da Universidade da Califórnia (EUA) e diversos profissionais brasileiros especialistas no tema e participantes da Comissão Nacional do Benzeno;
10) Dossiê Temático na RBSO “Exposição ocupacional ao benzeno na cadeia de distribuição e revenda de combustíveis no Brasil” para sistematização das experiências dos Estados com Postos de Gasolina.
11) Produção de 3 teses de doutorado e 4 dissertações de mestrado, sendo dos respectivos discentes Isabele Campos Costa Amaral (Doutorado); Cristiane Barata (Doutorado); Simone Mitri Nogueira (Doutorado); Daniel Valente Soares dos Santos (Mestrado); Marcus Vinicius Corrêa dos Santos (Mestrado); Angélica Cardoso Pereira (Mestrado); e Victor Oliva Figueiredo (Mestrado).
